Você já sentiu um chamado tão forte para mudar a ponto de estar disposto(a) arriscar o pouco que tem? Aquela sensação profunda de que o caminho que você está seguindo, por mais que pareça o único possível, não é onde sua alma realmente deseja estar?
Em 2019, eu vivi essa inquietação na pele. Tinha acabado de desembarcar de uma jornada de nove meses de trabalho intenso em um navio, com turnos de 12 horas diárias, sem um único dia de folga. Eu voltei com uma certeza que gritava dentro de mim: eu não queria mais trabalhar em cozinhas. O grande desafio? Era a única profissão que eu conhecia.
Essa encruzilhada foi o ponto de partida para a maior aventura da minha vida. Uma jornada que me levou a atravessar 5 países com apenas R$1.500 no bolso, um violão nas costas e uma coragem que eu estava prestes a descobrir que tinha. Esta não é apenas uma história de viagem; é a prova de como o voluntariado pode transformar, pode curar e, de forma inesperada, te entregar um propósito.

O Salto no Escuro: A Decisão de Confiar
Com muitas dívidas para quitar de uma antiga tentativa frustrada de empreender, o dinheiro que ganhei no navio mal cobriu os buracos. Após um verão trabalhando como garçom em Florianópolis, consegui juntar R$1.500. Era tudo o que eu tinha. Sem cartão de crédito, sem reservas, sem seguro viagem e nem um plano B.
“Como o personagem de 'O Alquimista', eu senti que precisava seguir minha Lenda Pessoal, mesmo sem saber o que me esperava no caminho.”
O manual do bom senso gritaria: “Fica aí mano, isso é brisa! Arrume um emprego seguro!”. Mas uma voz dentro de mim, teimosa e insistente, sussurrava: “Vai irmão. Confia.”
Inspirado por vídeos de viajantes no YouTube, descobri o trabalho voluntário em troca de hospedagem e alimento através de plataformas como WOOF, Workaway porém, a Worldpackers que me chamou atenção por ser uma empresa brasileira. A possibilidade de uma imersão cultural verdadeira, trocando minhas habilidades ou apenas minha disposição por um lugar para ficar, me pareceu a porta de entrada perfeita para o mundo que eu buscava.
Com o objetivo de aprender espanhol para, quem sabe, tentar uma mudança de profissão no trabalho à bordo, apliquei para minha primeira vaga de voluntariado em um hostel em Montevidéu, no Uruguai. Paguei a anuidade, comprei uma passagem de ônibus e parti. Minha família não fazia ideia dos meus recursos limitados. Eu estava apostando todas as minhas fichas em uma intuição.

A Prova de Fogo: Quando o Sonho Quase Virou Pesadelo
Cheguei em Montevidéu e bati na porta do hostel, o coração cheio de expectativas. A realidade, no entanto, foi um balde de água fria. O dono, com o rosto sem graça, me informou que um problema técnico o forçou a cancelar minha vaga. Ele havia me enviado um email dias antes porém ansiodo de tudo, não vi.
O desespero foi instantâneo. Sozinho, em um país novo, sem dominar o idioma e com o dinheiro contado.
Naquele momento, o dono, sentindo minha aflição, conseguiu uma vaga de última hora no hostel de uma amiga que por sorte ou coincidencia, no mesmo dia, perdeu um voluntário que precisou terminar a experiência antes do prazo por questões familiares. Um alívio momentâneo pois meus desafios estavam apenas começando. Passei no mercado no caminho para o novo Hostel e só ali que descobri que o Uruguai era um país caro. Tive que devolver itens na boca do caixa pois o dinheiro que eu havia levado foi suficiente apenas para arroz, lentilha e pão. Para piorar, era feriado de independência e a cidade estava um deserto, me impedindo de tocar música ou vender brigadeiros para fazer uma grana extra.
Passei uma semana comendo arroz e lentilha, com a conta bancária bloqueada por um erro de principiante: não avisar o banco sobre a viagem. O sonho parecia estar se desfazendo. A ideia de voltar para casa derrotado era assustadora. Lembro do dia que a comida acabou e fui dormir com fome, o estômago vazio e a alma pesada, questionando tudo.

A Recompensa: Buenos Aires e a Virada de Chave
Na manhã seguinte, abri os olhos ao amanhecer quase sem esperança quando milagrosamente a vida me enviou dois sinais. O primeiro, um e-mail do banco avisando que minha conta estava liberada. O segundo, uma notificação da Worldpackers: um convite de uma anfitriã para voluntariar em Buenos Aires de imediato. Pra mim ficou claro: o universo não estava me punindo com todo esse desespero; estava me redirecionando.
Parti para San Telmo, e ali, minha jornada floresceu.
A atmosfera do hostel era incrível. Meu trabalho na recepção era justo, apenas 24 horas semanais divididas em 3 dias por semana. Em troca, eu tinha café da manhã, hospedagem e uma cozinha para usar à vontade, inclusive para fazer meus brigadeiros . Buenos Aires era vibrante e cheia de oportunidades. Comecei a vender meus doces na rua, o que consegui um trabalho vendendo passeios, que por sua vez me abriu as portas de um restaurante brasileiro. Tudo isso paralelo ao meu trabalho voluntário no Hostel.
Em pouco tempo, eu morava de graça, comia de graça e ainda fazia dinheiro suficiente para me sustentar e curtir . Buenos Aires não me deu apenas confiança e amigos; ela me abriu a mente. Foi ali, através de uma amiga argentina chamada Flor, que descobri o veganismo popular. Entendi que a mudança que eu buscava não era apenas geográfica, mas também interna, chegando até o meu prato. No dia 1º de julho de 2019, tomei uma decisão que me acompanha até hoje, mais um passo na jornada de viver alinhado com meus valores.”.

A atmosfera do hostel era dahora demais. Meu trabalho na recepção era justo, apenas 3 vezes por semana. Em troca, eu tinha café da manhã, hospedagem e uma cozinha para usar à vontade. Em Buenos Aires fui muito feliz, cidade vibrante e cheia de oportunidades. Logo que cheguei comecei a vender meus brigadeiros, o que me levou a um trabalho vendendo passeios turísticos, que por sua vez me abriu as portas de um restaurante brasileiro, também como ajudante de cozinha. Em pouco tempo, estava eu morando de graça, comendo de graça e ainda ganhando meu próprio dinheiro.
Buenos Aires não me deu apenas estabilidade financeira e bons amigos; ela me abriu a mente pra muitas coisas que antes eu não percebia. Foi ali, através de uma amiga argentina chamada Flor, que descobri o veganismo popular. No dia 1º de julho de 2019, tomei uma decisão que me acompanha até hoje. Lá comecei a entender que a mudança que eu buscava não era apenas geográfica, era social, política, mas principalmente interior.
Em Buenos Aires também realizei um dos meus maiores sonhos que araassistir ao Show do Djavan, e isso aconteceu na semana do meu aniversário de 26 anos, no teatro Gran Rex. Chorei tanto nesse dia que algumas pessoas até vieram perguntar se eu não tava passando mal.
O Ciclo Completo: De Carona Para o Deserto e a Abundância na Estrada
O que vivi na Argentina se tornou um modelo. Foi lá que me encontrei com o Kelvin, um irmão que trabalhou comigo em Floripa em mais uma cansativa temporada de verão como garçom num Beach Club em Jurerê Internacional. Ele também era uma pessoa cansada de seguir o “script” e sentia esse chamado da estrada para a busca de um propósito. Juntos, cruzamos boa parte do país de carona até o Chile, onde voluntariamos por quase três meses na cidade portuária e cultural de Valparaíso.

De lá, seguimos de carona até um dos meus maiores sonhos: San Pedro de Atacama. Cheguei no deserto mais seco do mundo quase mais seco que o deserto. Com o equivalente a R$100 no bolso, o suficiente para 4 noites num camping passei talvez as noites mais frias da minha vida. Com uma barraca simples e um colchonete fino, dormia com todas as roupas do corpo e ainda tremia. San Pedro é uma cidade que durante o dia faz muito calor e o ar é muito seco. Porém a noite as temperaturas podem abaixar de 0º.
Porém, a esta altura do campeonato, eu já me sentia bem mais confiante do que era quando saí do Brasil. Depois de haver experienciado vários tipos de provações que a vida me trazia constantemente quase que como um guia para este caminho, eu já não me preocupava mais. E nesta ocasião a magia da estrada aconteceu de novo. Consegui não apenas um voluntariado para cuidar da recepção de um hostel na madrugada, mas também um trabalho como “hunter” no restaurante Lola Bar. Eu ganhava uma boa comissão por cada cliente que trazia da rua. Mais uma vez, eu tinha moradia e comida de graça, e ainda fazia mais dinheiro do que em muitos trabalhos informais no Brasil.

Com a grana que juntei em um mês e meio no Atacama, pude viajar tranquilo pelo Peru só que dessa vez pagando por hospedagem mesmo, afinal a moeda do Chile valia bastante por lá, e com isso pude passar por diversas cidades como Arequipa, Tacna, conheci Cusco e visitei alguns pontos turísticos como a famosa Montaña de siete colores e só às margens do Lago Titicaca, vivi uma das experiências de voluntariado mais incríveis: fiquei em um hotel que, além de um quarto privativo com suíte, me dava café da manhã, almoço e jantar. Minha função era apenas receber hóspedes, que quase nunca apareciam. E quando vinham era de Motorhome e só precisavam de um lugar seguro para estacionar o carro.
Por fim, cruzei para o outro lado do Lago Titicaca com destino a Bolívia, também me hospedando em quartos e pousadas na maior parte do tempo, ainda com o dinheiro que juntei no Chile. Passei por cidades como Copacabana, Santa Cruz de la Sierra e fiz um voluntariado de mais ou menos 1 mes na capital La Paz.

O Ciclo Completo: Da Viagem Para Fora à Jornada Para Dentro
A pandemia me trouxe de volta ao Brasil e me presenteou com um tempo precioso ao lado da minha tia-avó em Florianópolis. Uma mulher preta, ativista, de quase 90 anos, cuja sabedoria me reconectou com minhas raízes ancestrais indígenas, africanas e com a história da minha família. Ali começava a surgir outro chamado, porém eu tava certo que esse não vinha do asfalto.
Essa busca interior me levou a um novo voluntariado, desta vez em uma comunidade alternativa localizada no coração de uma área de preservação permanente, na Costa da Lagoa em Florianópolis. Porém, esta vivência profunda deixarei para outro artigo. Até aqui quero dizer que foi la, no Solunaveg que, de forma despretensiosa, comecei a gravar vídeos com uma GoPro hero 5 que comprei no navio, simplesmente para externalizar um pouco do que havia vivido intensamente nesses meses solto no mundo. Para minha surpresa, a equipe da Worldpackers viu meu conteúdo e me convidou para criar vídeos para eles. O que era um hobby se tornou um trabalho. A plataforma que me abriu as portas do mundo, agora me entregava uma nova profissão. Trabalhei por 9 meses no time de conteúdo da WP o que foi uma grande escola para que eu pudese desenvolver ainda melhor esse universo da criação de conteúdo com propósito.

A Coragem de Começar é o Seu Passaporte
Olhando para trás, percebo que o voluntariado foi a ferramenta que me permitiu não apenas viajar com pouco dinheiro, mas me reinventar e redescobrir. Ele me deu habilidades, amigos pelo mundo e, o mais importante, um propósito.
A profundidade dessa jornada de confiar no desconhecido e os aprendizados sobre como cultivar a coragem estão no meu livro, [R$ 0,50 Centavos de Coragem – É tudo que você precisa para transformar sua vida significativamente]. O título “cinquenta centavos de coragem” quer dizer que, não é preciso muita coragem. Até porque como diz o Cortela, “a coragem não é ausência do medo, é ir com medo mesmo.” Meu livro é um convite para todos que sentem esse mesmo chamado para a mudança.
Se a minha história ressoou em você, talvez seja o seu sinal.
- Comece sua própria jornada: Use meu cupom ALTASIDEIAS na Worldpackers e ganhe US$10 de desconto na sua anuidade. Dê o primeiro passo na plataforma que mudou minha vida.
- Aprenda a cultivar a coragem: Se você busca transformar sua própria vida, conheça meu livro [R$ 0,50 Centavos de Coragem – É tudo que você precisa para transformar sua vida significativamente] e descubra as ferramentas para construir o caminho que você sonha.
A maior viagem da sua vida está a uma decisão de distância.
